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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

GAUDÊNCIO DE CARVALHO
[Gaudêncio de Carvalho Sousa]

 

Nasceu em Oeiras, Estado do Piauí, Brasil, a 8 de agosto de 1909.
Professor e advogado. Funcionário público (Assessor de Administração junto ao Gabinete do Ministro da Saúde).
Colaborou em vários jornais (“O Estado”, “Correio do Ceará” e “O Povo”, todos do Ceará, e em publicações de outros estados da Federação).
Autor de “Revoada”.
Recentemente, competindo em Brasília com mais de trinta candidatos, conquistou o primeiro lugar em concurso literário, obtendo o título de “Príncipe dos Poetas de Brasília”.

 

 

OLIVEIRA, Joanyr de, org.  Poetas de Brasília.  Brasília: Editora Dom Bosco, 1962. 107 p    16 x 22cm. 

 

               VICISSITUDE

Ah, quantas vezes abro a cortina ensolarada,
para ter pena da vida!
para espiar o calor amortecendo as flores,
o calor secando a água do rio;
para ver a claridade entontear o passarinho
e o vento levar as folhas pelo espaço.

Ah, quantas vezes baixo a pobre cortina,
para ter pena da vida!
Há falta de luz no sol,
de azul no céu,
de calor na terra,
de círculo no horizonte.

Ah, quantas vezes abro e fecho a janela
para ter pena de mim mesmo!



PERFIL DA TARDE DE BRASÍLIA


A amplitude desapareceu no último reflexo branco da claridade
A mansidão surgiu no primeiro raio triste do entardecer.
O pássaro preto cantava porque entardecia!
Desmaio de luz na escavação dos ares!
Desmaio de luz na solidez dos cerros!

Eu fiquei parado ouvindo a emoção do pássaro,
ouvindo o murmúrio do córrego,
quando caíam nas águas as flores do ipê...

A luz vespertina pintou um retrato na parede leve do coração!

                A voz da ave livre foi modular no ramo torto da árvore
prisioneira.
Rumores do planalto no lusco-fusco da vida!

Tarde morena que descia do céu,
que subia dos cômoros descampados,
que rolava do córrego,
que vinha aparecendo e sumindo,
e parava e caminhava e voava!

Perfil da tarde morena,
do por de sol que ia começando
ou andava terminando no desenho da quietude...
Perfil da mansidão que encheu de sombra outra sombra...

A luz vespertina pintou um retrato na parede leve do coração!

 

 

 

        A CASA DO ESCONDERIJO

A levidão chegou sem dizer nada,
abraçou o outro homem que descia a rua
para ouvir a fala enferrujada dos gonzos da cancela.

        Abriu a porta e entrou.
As lages estavam marcadas pelos passos contínuos.
A casa tinha a mesma cobertura do escondedouro.
Os momentos cansados esperavam
assistindo o mover das sombras sobre as lages.

Ele olhou os vestígios que esgalhavam pelo chão duro,
olhou as mãos de seda que ramalhavam
e a leveza de outras mãos que tiravam da mistura do ar
coisas indefiníveis.

O pequeno jornaleiro de Dona Darci Vargas
gritou, lá de fora, uma notícia emocional.

        O gato preto do vizinho pulou o muro,
sem machucar a relva,
e veio roçar o pelo nas pernas da criança.

Os pés de veludos das horas entraram para debaixo das
sombras,
repetindo os passos.
A menina que guardou brinquedos dentro dos olhos,
correu para abraça-lo...

A fala enferrujada dos gonzos da cancela
rangeu novamente.

A casa, o pomar e a menina ficaram, mais uma vez,
esperando a visita de outro homem...



PASSEIO DE DOMINGO

O trem esbarrou de súbito.
Na frente eu via a rude imutabilidade.
Desci pela rampa,
e pisei a face impressionante das coisas que sangravam.

        As horas incontestáveis
iam correndo no meu sangue.
O domingo agora me levava,
caminhava comigo,
descobrindo a floração vermelha,
o riachão, a vazante, o ancoradouro;
atraindo o cheiro embrionário da terra;
que vinha molhar os meus nervos.

O domingo me foi desvendando
o pecado do dia santificado;
foi trazendo o chiado e a moderação
da herança da vertente,
o ranger do trato desbastando a gleba
a amanho que o arado fazia,
a dureza do chão,
o ruído da zenha,
os dedos da água cheios de bondande e desespero
rodando a roda.

O domingo foi mostrando
o cata-vento que rodeava, girava, circulava;
foi mostrando as grimpas volteando,
as palhetas da alma rolando no cata-vento!

 

 

 

ANTOLOGIA DE SONETOS PIAUIENSES [por]  Félix Aires.  [Teresina: 1972.]   218 p.     Impresso no Senado Federal Centro Gráfico, Brasília.                                 Ex. bibl. Antonio Miranda

 

        O IAIPU

Logo ao amanhecer o sol lhe espanta
O ninho...  e recomeça a Traviata:
Na viva luz do sol se admira e encanta
Enchendo na luz do sol de serenata!

Bate as asas e fofa as penas.  Canta...
E pela solidão a voz desata,
Como se lhe vivesse na garganta
Toda a alegria  e o esplendor da nata!

Trina e modula mágico segredo,
De quem leva um orquestra revoejando,
Na festa verdejante do arvoredo...

Ave canora que na voz encerra
Uma alegre saudade musicando
E  a beleza sem par da minha terra!...

 

*

Página ampliada e republicada em março de 2023


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Página publicada em junho de 2021.


 

 

 
 
 
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